PRODUÇÃO DE RESENHAS A PARTIR DO LIVRO DE POESIA LOCAL "POUCO VERBO", DA PROF.ª MA. SONY FERSECK
Um dos
temas previstos no Planejamento do Terceiro Bimestre de Língua Portuguesa do
terceiro ano foi a elaboração de Resenhas Críticas a partir de produções
literárias locais. Assim, os alunos produziram resenhas do livro Pouco
Verbo, de Sony Ferseck. Divulgamos abaixo a classificação dos melhores textos
das turmas 3º ano A e 3º ano B:
MUITA COISA PRA POUCO VERBO
Thalles Figueiredo Magalhães
Gomes, aluno do 3º ano A do Ensino Médio da Escola Agrotécnica da UFRR
Pouco Verbo, da escritora
paraense Sony Ferseck, publicado pela editora Máfia do Verso, em Boa Vista -
Roraima, em 2013; é um pequeno livrinho de poemas curtos, que conta com apenas
100 páginas em sua estrutura. Cem páginas, sem sumário, sem capítulos. A obra
segue uma forma de organização bonita de se ver, contendo apenas um único poema
em cada folha (ignorando introduções e apresentações). Ainda nessas páginas, o
livro traz consigo temáticas como: o erotismo, o regionalismo roraimense, o
feminismo e o intimismo. Assim, logo de cara, abrimos com o poema que carrega o
título da obra: “Pouco Verbo”. O
poema se mostrou contraditório, fazendo o uso da classe gramatical com
frequência. Esse pequeno e chamativo plot twist, logo no primeiro poema, já é o
suficiente para tentar prender o leitor aos próximos poemas. E consegue fazer
isso com impacto, quando nos deparamos com o “Hóspede” (p. 10), sem dúvida, um dos mais fortes. Nesse, a bem
trabalhada mistura do erotismo e do tom de revolta faz com que o leitor abuse
da imaginação e da interpretação. Outros poemas são dignos de menção, como por
exemplo: “Poeta” (p. 28), “Mulher lua” (p. 30) e “Ventre Vazio” (p. 41), que representam
muito bem a temática feminista e que lembram o “Amor que morre”, da poeta
portuguesa Florbela Espanca.
Há, também, àqueles que se destacam pela sua
ambiguidade, quase que obrigando o leitor a enxergar com outros olhos para
tentar entender; como é o caso de “Habitação”
(p. 39), o qual confesso ter tido esforço para compreender. Ainda chamaram a
atenção até mesmo os poemas mais simples (p. 26, 27, 50, 56, 93, etc.) que,
particularmente, assemelham-se aos trabalhos de Paulo Leminski. Ao decorrer da
leitura, sentimentos ficam explícitos nos poemas, porém, compreensão e
interpretação já não ficaram tão claros. Talvez isso se dê pelos temas
polêmicos, tratadas pela escritora. Não só isso, mas o jogo de ambiguidade em
alguns dos seus poemas faz o leitor se perguntar se está lendo certo ou não.
Essa é ‘pegada’ do livro. O jeito como Ferseck escreve, de forma íntima, nos
faz pensar em como a escritora se sentia ao pôr no papel aquelas palavras. É
verdade que nem todos conseguem prender o leitor, ou nem são fáceis de
interpretar (principalmente aqueles que têm um significado mais íntimo). Mas,
gosto de pensar que os poemas, ou seja, a arte, deve ser primeiro apreciada,
antes de ser entendida. E, aqui, afirmo que a emoção se sobrepõe à razão.
Sony Ferseck é natural de Belém – Pará, cresceu em Boa
Vista – Roraima, e se formou em Letras na UFRR – Universidade Federal de
Roraima. Estreia na carreira literária com essa obra, Pouco Verbo.
RESENHA CRÍTICA
SOBRE O LIVRO “POUCO VERBO” DE SONY FERSECK
Raul Wilham Wilson Jacob, aluno do 3º ano B do Ensino Médio da Escola
Agrotécnica da UFRR
P.S. “Um livro com
poucos verbos, mas com uma definição menor ainda- Simplesmente incrível.”
Após
uma leitura empolgante do livro Pouco
Verbo, da autora roraimada Sony Ferseck (pois é natural de Belém do Pará),
chega-se à conclusão de que sua obra é simplesmente incrível. Composto por
textos que em sua maioria fazem jus ao título do livro, contendo literalmente
Pouco Verbo, Sony aborda diversos temas com diversos níveis de complexidade de
interpretação, que atraem muitos holofotes para o livro. Um dos fatores que
chama atenção na leitura dos poemas são as referências... Há diversas pessoas e
lugares, como Boa Vista, capital de Roraima, presentes em seu texto, o que
mostra que a autora simplesmente transcreveu sentimentos armazenados e os pôs
em vários pedaços de papel, que quando unidos formam quase um dança poética na
escrita e no fonema.
O livro possui 84 poemas que tratam
de diversos temas, como um lugar apaixonante para se morar (pg. 92), uma
injeção quase letal (pg. 45), ou uma crítica à função social e natural da
mulher em ter filhos (pg. 32), dentre outros diversos temas. O livro também
possui um poder deveras cativante, ficando tal atração bem clara quando se lê
um poema, e em seguida lê outro, depois mais um e até um breve momento no qual,
pelo espanto, percebe-se que já concluiu a leitura deste compilado
incrivelmente harmonioso, restando somente um gosto de “quero mais!”.
A leitura de Pouco Verbo pode até ser rápida quando consideramos outros livros
contendo muito mais de 100 poemas, no entanto, se formos analisar a
complexidade da escrita e a gama de interpretações possíveis contidas em um
único texto, sem a menor dúvida o tempo para a conclusão da leitura
ultrapassaria várias auroras subsequentes ao dia de início da leitura, isto é,
em um processo ininterrupto de leitura e discussão. Se por ventura não houver
disponibilidade de tempo para isso, ficamos somente numa leitura comum, na qual
sempre seremos fadados ao cansaço (pois qual mente em situação de complexidade
de interpretação pode descansar tranquilamente?).
Em suma, o livro contém um valor
até mesmo “simbólico” quando comercializado, mas um valor literário e
interpretativo de difícil estipulação. Quando olhamos para o local onde foi
escrito e publicado, o livro fica ainda mais atraente e deixa bem claro que no
Norte do Brasil existe cultura, escritores e pessoas que sabem e dominam a arte
da escrita.
Comentários
Postar um comentário